Entenda o que significa este conhecimento tão importante e como aplicá-lo na prática.
O cenário ideal seria ter uma empresa que jamais passa por problemas, em que os departamentos são perfeitamente alinhados e que não possui uma única rusga para lidar. Porém, como isso nem sempre é possível, a gestão de crises corporativas torna-se um conhecimento essencial.
Não há nada de inglório em ter problemas em qualquer empresa. Afinal de contas, como elas são compostas por pessoas, as quais, por sua vez, são suscetíveis a erros, enfrentar dificuldades é algo que acontecerá cedo ou tarde.
Porém, uma diferença significativa está em saber como lidar com tais situações, de modo que sempre se busque extrair o que há de melhor nelas e, assim, a empresa ganhe bagagem para que tenha condições de crescer e se estabelecer em um mercado em que a competitividade impera.
Continue conosco para entender o que isso quer dizer, bem como o que sua empresa pode fazer para que a gestão dos conflitos seja feita de maneira profissional, planejada e, na medida do possível, tranquila.
O que são crises nas empresas?
Basicamente, é quando algo sai do planejado ou do esperado e pode trazer problemas ao negócio. Alguns exemplos de potenciais crises são os seguintes:
– Desastres naturais, como furacões, terremotos e tsunamis;
– Outras condições climáticas severas, como enchentes e secas;
– Riscos biológicos, como pandemias e doenças transmitidas por alimentos;
– Eventos acidentalmente causados por humanos, como incêndios, explosões, colapsos estruturais e derramamento de materiais perigosos;
– Eventos intencionalmente causados por humanos, como roubos, atentados e incêndios;
– Problemas tecnológicos, como indisponibilidade de funcionamento da internet e ataques cibernéticos.
É realmente normal ter crises na empresa?
Sim, talvez até mais do que você imagina. É isso o que mostra a pesquisa “PwC Global Crisis Survey 2019”, com subtítulo “Preparação para crises como a próxima vantagem competitiva: aprendizado de 4.500 crises”, em tradução livre.
A PwC entrevistou 2.084 pessoas de 43 países e em 25 setores, sendo que 64% dos respondentes eram executivos C-Level e 36% eram chefes de departamentos, ou seja, profissionais que vivenciam tais situações na pele.
69% dos participantes passaram por uma crise nos 5 anos anteriores à pesquisa. 3% passaram por mais de 5 crises, enquanto 38% passaram por 2 a 5 crises, 24% por 1 crise 3% não souberam responder. Apenas 29% afirmaram não ter passado por nenhuma crise neste período.
Em relação aos tipos de crises enfrentados, é interessante mostrar quais foram os percentuais de respostas para cada uma delas, o que evidencia como a gestão de crises é um conhecimento indispensável e que deve ser aplicado em companhias de todos os portes e segmentos. Veja só:
– Financeira / liquidez: 23%
– Falha de tecnologia: 23%
– Falhas operacionais: 20%
– Disrupção competitiva ou de mercado: 19%
– Legal / regulatória: 16%
– Crimes cibernéticos: 16%
– Desastres naturais: 16%
– Transição de liderança: 15%
– Cadeia de suprimentos: 14%
– Falhas em produtos: 14%
– Má conduta da liderança: 12%
– Má conduta ética: 11%
– Mídias sociais virais: 9%
– Disrupção geopolítica: 9%
– Integridade de produtos: 9%
– Violência no ambiente de trabalho: 8%
– Ativismo de acionistas: 7%
– Humanitárias: 7%
– Terrorismo: 5%
– Outras: 0%
Para ajudar a definir as crises por seu tipo, a PwC as dividiu em 7 categorias, além de ter indicado as probabilidades, em números líquidos, de ter tais problemas de acordo com as respostas anteriores. Os resultados foram os seguintes:
– Operacionais: 53%
– Tecnológicas: 33%
– Humanitárias: 29%
– Financeiras: 28%
– Legais: 24%
– Capital humano: 21%
– Reputacional: 20%
Na prática, isso quer dizer que 53% dos respondentes afirmaram que pelo menos uma das crises que passaram foram de natureza operacional, 33% de natureza tecnológica e por aí vai.
Outra informação interessante vem das 3 crises mais disruptivas por território. Para o Brasil, os resultados foram os seguintes:
– Financeira / liquidez: 35%
– Falha ou disrupção operacional: 9%
– Falha ou disrupção tecnológica; disrupção competitiva ou de mercado; má conduta ética; e transição de liderança: 6%
Com isso, fica fácil até mesmo saber quais são as crises mais prováveis pelas quais sua empresa irá passar, embora isso dependa de cada caso, é claro.
O que é a gestão de crises corporativas?
É o processo (ou conjunto de processos) pelo qual uma empresa lida com um evento disruptivo e inesperado que ameaça prejudicar a companhia ou seus acionistas.
O estudo de gestão de crises se originou com grandes desastres industriais e ambientais na década de 1980, ou seja a área é bem recente, embora seja tão fundamental para qualquer companhia.
Não há restrições para a implementação da gestão de crises corporativas em qualquer empresa, tendo em vista que elas podem acometer todas elas, dos grandes players de participação internacional a microempreendedores, o que torna este conhecimento indispensável no mundo dos negócios.
Podemos tomar como exemplo o surto de saúde que se instaurou nas últimas semanas. Saber como gerenciar sua empresa com a pandemia do novo Coronavírus é algo importante para todas as empresas, seja qual for seu porte ou segmento.
Como fazer um plano de gestão de crises?
É difícil apontar uma receita infalível, já que as crises podem ser diferentes entre cada empresa, ou seja, o que funciona em uma nem sempre funciona com a outra. Porém, há um caminho a se seguir capaz de nortear as iniciativas a se tomar.
Um bom plano de gestão de crises deve ter o seguinte:
– Identificar os membros da equipe de gestão de crises;
– Documentar quais serão os critérios utilizados para determinar se uma crise realmente aconteceu;
– Estabelecer sistemas e práticas de monitoramento para detectar sinais prévios de qualquer situação de crise em potencial;
– Especificar quem será o porta-voz no caso de uma crise;
– Providenciar uma lista de contatos de emergência;
– Documentar quem precisará ser notificado quando do acontecimento de uma crise e como essa notificação será feita;
– Identificar um processo para avaliar o incidente, sua severidade em potencial e como isso impactará o espaço físico e os colaboradores;
– Identificar procedimentos para responder à crise e pontos de encontro para os quais os colaboradores podem ir;
– Desenvolver uma estratégia para publicações e respostas nas redes sociais;
– Providenciar um processo para testar a efetividade do plano de gestão de crises e atualizá-lo periodicamente.
Como dissemos anteriormente, os procedimentos podem mudar de acordo com cada empresa, mas este é um bom esqueleto para saber quais são os principais pontos e práticas a se adotar.
Veja também: Quais são as consequências do novo Coronavírus para o seu setor fiscal?
Gestão de crises corporativas: um grande diferencial competitivo para sua empresa
O desejo é o de que as crises fiquem o mais longe possível da sociedade, mas não é possível detê-las completamente. Por isso, ter um plano para lidar com elas é o ideal.
Imagine que uma crise aconteça. Se a sua empresa estiver preparada e a concorrente não, você deve ter muito mais chances de resistir do que ele, o que evidencia o quão importante é delegar esforços para este fim.
Depois de aprender o que é a gestão de crises corporativas, comece imediatamente a planejar o que sua empresa faria caso isso acontecesse, de modo a amenizar os potenciais prejuízos. Afinal, como diz o ditado, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém!